segunda-feira, 6 de abril de 2009
Deixa vazar.
Não escrevia há meses.
E não conseguia entender o porquê. Eu sentia vontade, sabe. Mas parece que a vontade não me sentia.
Dai ontem, domingo, no finalzinho da tarde, assistindo "Sex and the City", algo que era pra ser divertido, quando percebo estava chorando. Tudo bem que domingo não é o dia mais feliz da semana, ainda mais num fim de tarde chuvoso, com aquela neblina baixa que não se enxerga um palmo na frente do nariz, mas chorar também não.
E lá estava eu, sentada na frente da televisão, um objeto sem sentimentos, chorando.
Dai lembrei do filme do "Grinch", sim aquele infantil falando da moral do natal, onde ele fala: "Eu acho que estou vazando", lá estava eu vazando na frente da televisão.
Depois do vazamento de sentimentos fiquei pensando sobre o que tinha acontecido e percebi por que não escrevia há tanto tempo. Fiz os cálculos, os números nunca mentem. Quase seis meses. Como alguém pode ficar sem chorar por seis meses? Nenhuma lágrima solitária. Nada. Seis meses é muito tempo, entramos na crise, Obama se elegeu, o Inter ganhou a taça Fernando Carvalho, fiz aniversário, e nenhuma lágrima.
Exatamente o tempo que fiquei sem escrever. Achei a explicação. Não era criatividade que me faltava. Eram lágrimas.
Soa meio emotivo. Até um pouco piegas. Mas foi esse o motivo de eu não conseguir escrever. Não a falta de lágrimas, mas a falta de sentimentos vazando pra fora de mim, indo pro papel.
Não sei o que quebrou o gelo e causou o vazamento. Mas não vou chamar bombeiro algum. Deixa vazar.
Como diria o Marcelo Camelo:
"É de lágrima
Que faço o mar pra navegar
Vamo lá!"
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